misterios dos quadros das crianças que choram
Entre as décadas de 70 e 80, uma história bizarra provocou certa apreensão coletiva em vários países, inclusive no Brasil. Tratava-se de uma “maldição” ocasionada por quadros pintados pelo mesmo artista e que traziam algo em comum: todos retratavam crianças chorando.
Conta a lenda que Bruno Amadio foi um pintor italiano que por não ter suas obras reconhecidas (nunca conseguiu vender um único quadro), resolveu fazer um pacto com o diabo: ele pintaria retratos de crianças chorando e quem se apropriasse das obras estaria condenado a sofrer danos físicos e materiais. Em troca, o artista teria fama e dinheiro. Acredita-se que Amadio – que passou assinar sob o pseudônimo de Giovanni Bragolin – sonhava com as crianças sendo torturadas e sacrificadas e assim ele as reproduzia em suas pinturas, mostrando de maneira subliminar que elas poderiam estar mortas. Ao todo foram pintados 27 quadros que algum tempo depois ganharam diversas reproduções mundo afora, inclusive por aqui. Eu mesma me lembro de ter visto, quando criança, esses quadros, tanto numa clínica médica que eu frequentava de vez em quando, como na casa de um parente e sim, claro, cagona como sou, sempre tive medo…
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Foi durante os anos 70 e 80 que surgiram diversos relatos de incêndios nas casas dos proprietários das obras do pintor e todos mostravam um aspecto em comum: os quadros permaneceram intactos em meio à destruição causada pelo fogo. Ao menos era isso que noticiava o tabloide britânico The Sun (conhecido mundialmente por alimentar notícias sensacionalistas e de pouca credibilidade). O jornal recebeu diversos relatos de leitores que diziam possuir os quadros. À época chegou-se a estimativa de aproximadamente 50 mil cópias somente na Inglaterra. Muitos enviaram as obras ao tabloide, que organizou uma grande fogueira para dar fim à “maldição” e assim criou-se uma quase histeria coletiva.
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Por aqui a lenda também foi alimentada. Há relatos de que na metade da década de 80 o pintor tenha concedido uma entrevista ao programa Fantástico onde suplicou para que os proprietários de seus quadros destruíssem as obras. Declarou ainda que as crianças retratadas estavam desaparecidas e apresentavam as pupilas dilatadas porque estavam mortas e haviam sido encomendadas pelo “tinhoso”.
No entanto, não há um só registro dessa tal entrevista, nem mesmo no youtube ou em qualquer outro site, que comprove a veracidade da declaração.
A verdade por trás da lenda
Bruno Amadio (ou Giovanni Bragolin, se preferir) realmente criou 27 pinturas de crianças aos prantos, no entanto os pequenos que inspiraram o artista foram retratados em escolas e parques de Veneza. Além disso, ele também se dedicava a pintar paisagens e natureza-morta. Vale destacar que alguns quadros tidos como obra de Amadio não foram pintados pelo artista, como por exemplo, algumas pinturas da série Childhood da escocesa Anna Zinkeisen. Acredita-se que o tabloide tenha se aproveitado dessas outras obras para aumentar o sensacionalismo da história, já que naquela época o The Sun disputava cada leitor com outro jornal, o Daily Mirror.
Já quanto ao fato dos quadros não queimarem nos supostos incêndios há uma explicação bastante lógica: eles foram impressos num compensado de alta densidade, o que dificulta sua fácil destruição pelo fogo.
Já quanto ao fato dos quadros não queimarem nos supostos incêndios há uma explicação bastante lógica: eles foram impressos num compensado de alta densidade, o que dificulta sua fácil destruição pelo fogo.
E essas interpretações subliminares nas pinturas? Pura ilusão de ótica, viagem total.
Quanto a Bruno Amadio não há nenhum tipo de informação mais detalhada sobre o artista, só se sabe que ele faleceu de um câncer no esôfago em 1981, o que de certa forma prova que seria impossível sua aparição no programa Fantástico na metade daquela década.
creditos para cademeuwhiskey.wordpress.com
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