A febre da dança na frança


Apesar de o tema passar batido nas aulas de História da escola, trata-se de um assunto que intriga historiadores e outros estudiosos do mundo inteiro: o porquê de terem existido “epidemias de dança”. Mas o que foi isso, afinal?
Elas podem ser definidas como uma “praga” que se alastrou, fazendo com que várias pessoas começassem a dançar sem parar – literalmente – na Idade Média e na Renascença. Tanto que, nos mais diversos episódios deste tipo registrados no curso da História, houve mortes originadas pelo cansaço extremo — ou então, ao menos, em decorrência de outras possíveis consequências da epidemia, como é o infarto.
Não é um mito: dentre historiadores, não há a menor dúvida de que os casos dos quais se tem registros realmente ocorreram. O professor estadunidense John Waller, que tem um livro específico sobre o tema (“A Time to Dance, A Time to Die: The Extraordinary Story of the Dancing Plague of 1518", sem versão traduzida para português), afirma ser “incontestável” que o evento de fato aconteceu.
O episódio mais notável faz aniversário de 500 anos por agora. Em julho de 1518, dizem os documentos oficiais que uma mulher de nome Frau Troffea, da cidade de Estrasburgo (atual França, na época parte integrante do Sacro Império Romano-Germânico), começou a dançar freneticamente na rua sem nenhum motivo aparente. Logo, dezenas de outras pessoas se juntaram a ela. E não conseguiam parar. Todos os relatos cofiáveis convergem em vários pontos, e um deles é o de que a adesão à dança era involuntária. Diz-se que as pessoas gritavam em dor, pediam ajuda aos berros e clamavam por misericórdia. Foi assim que, como também relata o físico renascentista Paracelsus, se deram os eventos de 1518.
No terceiro dia de dança – cessada de modo temporário unicamente quando os participantes colapsavam e caíam no sono –, Frau Toffea estava coberta de suor e com os seus sapatos manchados de sangue. Paracelsus diz que, no início, a população de Estrasburgo acreditou se tratar apenas de uma tentativa dela de irritar o marido. Mas conforme o dia foi passando, viu-se que Toffea estava, genuinamente, presa naquela compulsão.As autoridades locais, na tentativa de controlar a epidemia, prescreveram “mais dança” e até instalaram um palco no coração da cidade, por exemplo, para que os dançarinos se movessem livremente tanto durante o dia quanto à noite. A instalação contava até com músicos.Era uma tentativa de conter a adesão da população da cidade da Alsácia, pois o cansaço dissiparia a multidão pela praga infectados, que já somavam, depois de uma quantia de só 30 pessoas no começo, mais de 400 indivíduos. No entanto, a iniciativa não trouxe os resultados esperados, e rapidamente vários cidadãos chegaram à morte por exaustão. A dança só foi parar no fim do verão, em agosto, depois do falecimento de vários dos participantes e dos pés de outros inviabilizarem qualquer tipo de movimento.E não se trata de um episódio único e isolado na História: ao menos seis outros casos aconteceram entre 1017 e 1518, em territórios hoje pertencentes à Suíça, à Alemanha, à França e aos Países Baixos (além de países adjacentes, como Luxemburgo e Bélgica). A “dançomania” chegou até na Itália, onde recebeu o nome de “tarantismo”, devido às suspeitas de que tarântulas fossem as responsáveis pelas epidemias.

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